Para Recordar Poesias da Palestra 1ª DOR D'ALMA (Luto)

      Falo da dor d'alma só quem já vivenciou esta dor consegue colocar-se no lugar do outro. Do eu real, feridas abertas purulentas , pelo medo, pela culpa, pelas dúvidas, pelo desconhecido, cada um no seu mundo oculto obscuro e dolorido. Por tantos caminhos percorridos e tão pouco ter encontrado. De uma busca incesante, para uma cura incurável, de murros em ponta de facas, de fugas constantes, de não querer enxergar pelo outro, de não querer falar pelo outro, de não querer sofrer junto ao outro de querer largar o barco, de não querer aceitar o que se é. De negar-se a acordar e ter que enxergar tudo de novo, e  voltar a buscar o que já era para ter sido encontrado. Da espera que não termina, da angústia angustiante, da busca constante de um tudo sonhado e nada realizado. Do andar ao lado e nada representar, da frequente censura dos olhares curiosos a nos ferir. Falo da cruel dureza do enfrentar, do ter que estar sempre inteiro, disposto, paciente, mesmo quando se está aos pedaços, desanimado e extremamente infeliz. Falo da discriminação carnal, da dor d' alma.                        Ruth (ano 2000)